O jiu-jítsu como combustível de transformação

jiu-jitsu
(Foto: Arquivo Pessoal)

Ao conhecer um projeto inspirador, ou cruzar com uma pessoa que se dedica inteiramente a algo – seja um esporte ou uma causa, por exemplo -, é natural nos questionarmos sobre em que momento tudo começou. Afinal, qual é o combustível que impulsiona mudanças? Para Jhony Silva, colaborador da Gestão Administrativa da Unimed Paraná, atleta de jiu-jítsu, professor e coordenador de um projeto social voltado ao esporte, as coisas começaram a se transformar após um mal-estar sentido durante um dia aparentemente comum no trabalho.

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Assim como a maioria das pessoas, Jhony tinha se preparado para cumprir seu expediente no trabalho como faz todos os dias na Unimed Paraná, onde atua há 17 anos. Na época, o colaborador levava uma vida mais sedentária, e às vezes um esforço extra era capaz de fazer o ar faltar e a visão ficar um tanto embaçada. “Nesse dia específico, eu estava resolvendo alguns problemas no trabalho e precisei subir e descer alguns lances de escada rapidamente. No meio de um dos trajetos eu comecei a sentir um mal-estar estranho e, logo em seguida, desmaiei”, relembra. Inicialmente, o colaborador encarou a situação como um caso isolado, uma queda de pressão comum em um dia mais agitado.

Contudo, o mesmo mal-estar aconteceu dias depois, dessa vez quando Jhony estava jogando bola com os colegas. Foi nesse momento que o profissional percebeu que precisava mudar a maneira como lidava com a própria saúde. Após realizar alguns exames e perceber que o problema era, realmente, a vida sedentária que levava, a decisão inicial foi começar a praticar atividade física. A musculação, no entanto, não era algo que o agradava, e manter a consistência e a tal disciplina que todos falam não era fácil. “Eu comentei sobre essa questão com um colega de trabalho, e foi aí que eu ouvi falar pela primeira vez sobre jiu-jítsu. Ele comentou que treinava o esporte e me convidou para fazer uma aula, e eu decidi experimentar”.

O que era para ser uma aula experimental se tornou um contrato mensal e, na semana seguinte, Jhony já estava com todos os equipamentos necessários para treinar o esporte.

“Desde a primeira aula eu nunca mais parei. Realmente me identifiquei com a prática e posso dizer que ela transformou minha vida. Nunca mais tive nenhum problema de saúde, apenas algumas dores no início até os músculos se acostumarem com o esforço”

O que era para ser somente uma nova atividade física, no entanto, passou a tomar mais espaço na vida do profissional, que percebeu que a prática era ainda pouco conhecida pelas pessoas. Ao começar a procurar vídeos para aperfeiçoar as técnicas e conhecer melhor os atletas de referência dentro do esporte, Jhony notou que existia pouquíssimo conteúdo disponível nas redes sociais. “Nessa época existiam alguns perfis que falavam sobre o esporte, mas era um pouco bagunçado e, para ter boas informações, você precisava seguir mais de 30 páginas. Era inviável e cansativo. Então, como eu sempre gostei do Instagram, vi a oportunidade de criar uma página para postar vídeos e fotos realmente focados nas técnicas do jiu-jítsu”.

A virada de chave

Foi assim que Jhony decidiu criar, em 2018, a página BJJ 24 horas. O nome surgiu do termo “Brazilian Jiu-Jítsu”, e o “24 horas” era quase uma tradução literal: conteúdo frequente, todos os dias da semana e em todos os horários, destinado a quem realmente vive o esporte 24 horas por dia.

Jhony Silva, colaborador da Gestão Administrativa da Unimed Paraná, atleta de jiu-jítsu, professor e coordenador de um projeto social voltado ao esporte (Foto: Arquivo Pessoal)

Inicialmente, eram publicados alguns vídeos que demonstravam alguns golpes de maneira mais técnica. Aos poucos, porém, as publicações foram tendo mais acessos e começaram a ser feitas de forma mais frequente pelo profissional, gerando ainda mais engajamento e curiosidade. “Minha intenção sempre foi de impactar pelo menos uma pessoa com esses materiais, mostrando os benefícios físicos e mentais do esporte para a vida de maneira geral. E, conforme a página começou a crescer, o conteúdo passou a ser mais profissional e frequente”, diz. Em apenas seis meses, a página já acumulava mais de 30 mil seguidores, e fez com que Jhony se tornasse uma referência na produção de conteúdo sobre o esporte não só no Paraná, mas no país.

O sucesso com a página foi tão grande que o profissional decidiu, além registrar a marca, também dar mentorias e consultorias para atletas, professores e outras pessoas que desejam investir mais na própria imagem. “Também criei diversas parcerias, e agora além de espaço publicitário na página, criei alguns produtos como camisetas, rash guard e moletom da marca”.

Atualmente, o perfil conta com mais de 150 mil conexões, e a intenção é fazê-lo crescer ainda mais. “Hoje já há um equilíbrio nas produções próprias e na reprodução de conteúdo de outras pessoas, que são compartilhadas com todos os créditos necessários. Porém, para o futuro, eu quero focar realmente nessa criação exclusiva de vídeos e materiais sobre o esporte, construindo ainda mais parcerias e levando mais informação para o público”, destaca.

Além das redes sociais

E se engana quem pensa que Jhony abandonou a prática do esporte para focar apenas na página de sucesso. Em paralelo com a produção de conteúdo, o profissional seguiu treinando e, em 2021, começou a atuar também como instrutor auxiliar na academia que treinava. Mais tarde, no entanto, a paixão pelo jiu-jítsu rompeu o universo digital e os muros dos centros de treinamento, e chegou em um lugar ainda mais longe e especial para o colaborador: um projeto voluntário em uma igreja localizada no Caiuá, em Curitiba, destinado às crianças da comunidade.

O profissional recebeu o convite de um pastor, que já era seu amigo há alguns anos, e acompanhava a busca constante da igreja em oferecer mais acesso à educação, socialização e esporte para as crianças, mantendo-as afastadas de situações perigosas. “Como eu já treinava o jiu-jítsu e auxiliava em algumas aulas, me ofereci para começar a ensinar às crianças a prática do esporte. Foi uma maneira de eu retribuir todo o bem que a modalidade me trouxe e, em contrapartida, contribuir com a minha comunidade”. Assim, em abril de 2022, o projeto ganhou vida e começou a ser ministrado inicialmente em uma sala livre da instituição. O local, contudo, não era bem preparado para realizar a prática, e em dias chuvosos ou muito frios, nem sempre era possível prosseguir com os treinos. “Mesmo assim, me emocionava muito ver que até em dias de chuva, os pais levavam as crianças para as aulas. Era um compromisso de todos, e isso mostrou que eu estava no caminho certo”, comenta.

Aos poucos, Jhony conseguiu parcerias e investimentos para melhorar a estrutura e, atualmente, a sala foi reformada e conta com um tatame fixo para receber as crianças. “Antes, a gente dividia a sala com outros profissionais, então era preciso tirar e colocar o tatame todo treino. Agora, as crianças chegam e já está tudo pronto. Foi realmente uma evolução”. Os treinos, conforme o colaborador, acontecem duas vezes na semana, à noite, e contam com a participação de crianças entre sete e 14 anos. A filha de Jhony, inclusive, treina com ele. “É emocionante ver a diferença que o jiu-jítsu está fazendo também na vida deles. A disciplina, o bem-estar físico e mental, o envolvimento com outras crianças… todos esses detalhes têm mudado a vida deles e a minha”, finaliza.

Por fim, a conquista mais recente de Jhony aconteceu em dezembro de 2022: o profissional também se tornou faixa preta no jiu-jítsu – a patente mais alta dentro da modalidade.

Conheça mais sobre a página BJJ 24 Horas e o projeto Joelhos no Tatame:

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