O surto de gripe que atinge milhares de pessoas nesse verão levantou uma série de dúvidas. Confira as mais comuns e como se prevenir
Embora seja comum entre os meses de abril e agosto, um surto de gripe vem atingindo milhares de pessoas no verão. Por isso, surgem várias dúvidas sobre gripe, Influenza e a cepa H3N2, que está sendo a responsável por esse fenômeno. Por isso, o Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – ASBAI divulgou informações que ajudam a sanar as principais dúvidas sobre gripe, seus tipos e sintomas.
O que é gripe e quais os sintomas?
É uma doença viral aguda transmissível que afeta o trato respiratório superior e inferior causada pelo vírus Influenza. Os sinais e sintomas da gripe em casos leves incluem tosse, febre, dor de garganta, mialgia, dor de cabeça, coriza e olhos congestionados. Cefaleia frontal ou retro-orbital é uma apresentação comum acompanhado por sintomas oculares como fotofobia e dor.
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Na criança, a temperatura pode atingir níveis mais altos, sendo comum o achado de aumento dos linfonodos cervicais e podem fazer parte os quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas gastrointestinais.
Os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes, sem outros sintomas, mas em geral, a temperatura não atinge níveis tão altos.
Os sintomas agudos persistem por sete a dez dias.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de Influenza pode ser feito clinicamente, especialmente durante a temporada de Influenza. A maioria dos casos se recupera sem tratamento médico e não precisariam de um exame laboratorial para o diagnóstico. Os testes laboratoriais disponíveis para o diagnóstico de influenza são a detecção rápida de antígeno o teste de PCR em tempo real.
O que causa gripe?
- Existem quatro tipos de vírus influenza/gripe: A, B, C e D.
- O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas grandes pandemias.
- Tipo A – são encontrados em várias espécies de animais, além dos seres humanos, como suínos, cavalos, mamíferos marinhos e aves.
- As aves migratórias desempenham importante papel na disseminação natural da doença entre distintos pontos do globo terrestre.
- Eles são ainda classificados em subtipos de acordo com as combinações de 2 proteínas diferentes, a Hemaglutinina (HA ou H) e a Neuraminidase (NA ou N).
- Dentre os subtipos de vírus influenza A, atualmente os subtipos A(H1N1) pdm09 e A(H3N2) circulam de maneira sazonal e infectam humanos.
- Alguns vírus influenza A de origem animal também podem infectar humanos causando doença grave, como os vírus A(H5N1), A(H7N9), A(H10N8), A(H3N2v), A(H1N2v) e outros.
- Tipo B – infectam exclusivamente os seres humanos. Os vírus circulantes B podem ser divididos em 2 principais grupos (as linhagens), denominados linhagens B/ Yamagata e B/ Victoria. Os vírus da gripe B não são classificados em subtipos.
- Tipo C – infectam humanos e suínos. É detectado com muito menos frequência e geralmente causa infecções leves, apresentando implicações menos significativa a saúde pública, não estando relacionado com epidemias.
- Em 2011 um novo tipo de vírus da gripe foi identificado. O vírus influenza D, o qual foi isolado nos Estados Unidos da América (EUA) em suínos e bovinos e não são conhecidos por infectar ou causar a doença em humanos.
Como ocorre a transmissão da gripe?
Entre as dúvidas sobre a gripe está a forma de transmissão. Em geral, a transmissão ocorre dentro da mesma espécie, exceto entre os suínos, cujas células possuem receptores para os vírus humanos e aviários.
A transmissão direta de pessoa a pessoa é mais comum. Acontece por meio de gotículas expelidas pelo indivíduo infectado com o vírus ao falar, espirrar ou tossir. Também há evidências de transmissão pelo modo indireto, por meio do contato com as secreções de outros doentes. Nesse caso, as mãos são o principal veículo, ao propiciarem a introdução de partículas virais diretamente nas mucosas oral, nasal e ocular. A eficiência da transmissão por essas vias depende da carga viral, contaminantes por fatores ambientais, como umidade e temperatura, e do tempo transcorrido entre a contaminação e o contato com a superfície contaminada.
Quais as principais complicações que a gripe pode causar?
Pneumonia viral, pneumonia bacteriana secundária (agentes infecciosos bacterianos: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus ssp. e Haemophillus influenzae.) à infecção viral, miosite, micocardite, insuficiência respiratória aguda e morte. Essas complicações graves podem se desenvolver em até 48 horas a partir do início dos sintomas. O vírus se replica nas vias respiratórias superiores e inferiores a partir do momento da inoculação e com pico após 48 horas, em média.
Os casos graves podem progredir para falta de ar, taquicardia, hipotensão e necessidade de intervenções respiratórias de suporte em até 48 horas.
Quem pode ser mais afetado pela gripe? (Crianças, idosos, jovens….) Por quê?
Extremos de idade: criança muito pequenas e idosos, pessoas não vacinadas, imunocomprometidos e portadores de doenças crônicas.
Grupos de risco e condições para complicações:
- Grávidas em qualquer idade gestacional;
- Puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal);
- Adultos ≥ 60 anos;
- Crianças < 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menores de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses com maior taxa de mortalidade);
- População indígena aldeada ou com dificuldade de acesso;
- Pneumopatias (incluindo asma);
- Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica);
- Nefropatias;
- Hepatopatias;
- Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
- Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus);
- Transtornos neurológicos que podem comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração (disfunção cognitiva, lesões medulares, epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome de Down, atraso de desenvolvimento, AVC ou doenças neuromusculares);
- Imunossupressão (incluindo medicamentosa ou pelo vírus da imunodeficiência humana);
- Obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 40 em adultos);
- Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado com ácido acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye).
Como se prevenir da gripe?
Esta é uma das principais dúvidas sobre gripe no momento. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a gripe e suas complicações. A vacina é segura e é considerada uma das medidas mais eficazes para evitar casos graves e óbitos por gripe.
Devido a essa mudança dos vírus, é necessário a vacinação anual contra a gripe. Por isso, todo o ano, o Ministério da Saúde realizam a Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. Além da vacinação orienta-se a adoção de outras medidas gerais de prevenção para toda a população. Medidas estas, comprovadamente eficazes na redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente as de grande infectividade, como vírus da gripe:
- Lave as mãos com água e sabão ou use álcool em gel, principalmente antes de consumir algum alimento;
- Utilize lenço descartável para higiene nasal;
- Cubra o nariz e boca ao espirrar ou tossir;
- Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- Mantenha os ambientes bem ventilados;
- Evite contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe;
- Evite sair de casa em período de transmissão da doença;
- Evite aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados);
- Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos;
Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem evitar sair de casa em período de transmissão da doença (podendo ser por um período de até 7 dias após o início dos sintomas). Orientar o afastamento temporário (trabalho, escola etc.) até 24 horas após cessar a febre sem a utilização de medicamento antitérmico.
Fonte: Saúde Debate