Novas economias: empreendimentos mais conscientes e sustentáveis para o futuro

economia compartilhada
Shutterstockl/Ilustração

O ponto crucial na economia compartilhada e colaborativa é o ser humano, seja como empreendedor, consumidor final ou, simplesmente, ser vivente

A compra e a venda on-line de itens usados, a solicitação de carona via aplicativo, o aluguel de um quarto na casa de outra pessoa, são exemplos de movimentos que estão modificando as formas de consumo. No centro desse processo, estão os usuários que fazem com que a economia compartilhada aconteça realmente. É a disrupção do pensamento e a vontade em compartilhar que tornam factíveis essa nova modalidade econômica.

Outro aspecto dessa tendência é acompanhar o direcionamento da sociedade na busca por formas de preservar a existência humana na Terra e a coexistência sustentável com a natureza. Segundo a consultora e especialista em Educação Financeira, Mariana Ferreira, que também cria conteúdo na rede social Instagram com o perfil @tostao_furado, as economias compartilhada e colaborativa partem dos indivíduos, porém acontecem nas trocas integradas. “São muitos os exemplos de empresas e tecnologias, mas o conceito-chave é o de uma sociedade que pensa e consome junto, reduz o desperdício e economiza e, por fim, é interligada e se aproxima, tornando-se comunidade, com o apoio da tecnologia”, aponta.

Para além do consumo, o conceito de colaboração estende-se como uma oportunidade no surgimento de uma nova cultura. Assim, a própria produção de conhecimento passa por uma reformulação com os conceitos de o crowdsourcing e a cultura open-source, comuns na área da tecnologia em que há o desenvolvimento conjunto ou a ideia é posteriormente compartilhada sem custo. Com essa sinergia, começam a nascer novos modelos de negócio, que vão se somando às transições sociais presentes. Passam por essas soluções, ideias de partilha, menos consumo, redução no desperdício, que fazem com que a economia compartilhada funcione efetivamente.

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A especialista em Educação Financeira, Mariana Ferreira, acredita que trazer mais consciência para ações de gestão dos resíduos implica resultados eficazes
Reprodução/Arquivo Pessoal

É importante perceber, no entanto, que a ideia individual de economia compartilhada não funciona por si só. Para quem está há anos no mercado, a adaptação do negócio pode ser implementada de forma gradual, e em pequenas ações. “É preciso olhar a entrega e produção que estão sendo realizadas, entender onde está o desperdício. Com base nisso, verificar em quais pontos poderia ter apoio de outras empresas parceiras para reduzir o consumo, e entender sua cadeia desde a produção, até o uso e descarte”, exemplifica Mariana.

Com esse movimento ganhando escala, a consultora afirma que passa a ser possível um cenário de redução nos excessos, consumismo, nas desigualdades sociais e até mesmo na degradação da natureza. “Com certeza, grande parte do objetivo é a redução de resíduos, por meio do compartilhamento de bens e serviços. Há grande aceitação pelas pessoas dessa nova economia e tem crescido a consciência sobre o uso desnecessário de certos materiais”, pontua.

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Além da melhoria em muitas questões ambientais e sociais, a economia compartilhada barateia os custos para os fornecedores, e, por consequência, reduz valores para o consumidor, gerando economia em ambos os lados. Nesse circuito, gera sinergia aos fornecedores de serviços e produtos e aos consumidores, assim como acaba contribuindo no crescimento da indústria, gerando empregos e auxiliando no desenvolvimento da sociedade. Mariana comenta que, inclusive, hotéis têm vendido quartos para que os compradores possam alugar os espaços por meio de aplicativos.

Compartilhada, colaborativa e o cooperativismo

Na avaliação da especialista financeira, a relação entre a economia colaborativa e o cooperativismo é que ambos estão voltados à redução de resíduos, uma maior consciência e uma preocupação com as sustentabilidades financeira e ambiental. “O que ainda podemos destacar é que, no caso da economia compartilhada, está o conceito de comunidade, que se ajuda e partilha bens ou serviços, sem a necessidade de que todos tenham posse. Já a colaborativa, pode se tratar da união de pessoas que não se conhecem utilizando o mesmo produto, ou uma empresa que tem como principal serviço o aluguel de bicicletas, que hoje é bastante comum no centro de algumas cidades”, explica.

Ainda na relação convergente com o cooperativismo, está o poder da união dos indivíduos. “No cooperativismo, observamos que a comunidade tem muita força ao se unir para conquistar, o que seria difícil fazer sozinho. Um exemplo é a cooperativa de crédito, que tem associados, e não clientes. Essas pessoas têm o poder de voto, de decisão e estão juntas em prol de um objetivo comum”, observa Mariana.

Um novo horizonte desponta para as economias compartilhada e colaborativa, principalmente considerando o mundo pós-pandemia. De forma mais integrada, há o benefício às pessoas empreendedoras, consumidoras, e ao próprio planeta. Mariana observa que se faz necessário entender que os negócios mudaram, e que os preços se dão pela utilidade do produto, e não mais somente pela venda em escala. Segundo ela, o produto deve ser bom e durável, com preço justo, para se manter competitivo.

E para o crescimento e fortalecimento dessas novas economias, principalmente no setor de serviços, a consultora ressalta que a peça central são a experiência e trocas. “É importante assimilar que o cliente está no centro, e que ele vai escolher o serviço que apresentar a melhor experiência, então usar a tecnologia e pessoas especializadas em usabilidade e experiência do consumidor vai ajudar no processo de reinvenção da marca ou, ao menos, de conexão com outras marcas para prestação de serviços em comum”, conclui.

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