Na Unimed Paraná, desenvolvimento de solução tecnológica surgiu durante defesa de doutorado, mostrando a importância da parceria entre empresa e universidade
Falar sobre inteligência artificial pode, em alguns casos, remeter a nossa imaginação a robôs ultramodernos, soluções tecnológicas mirabolantes e, principalmente, filmes de ficção científica. Essa ferramenta, porém, pode estar muito mais presente no seu dia a dia do que o imaginado, atuando, inclusive, em processos ligados diretamente à sua saúde e qualidade de vida, como a liberação ágil de exames e contas médicas, e o monitoramento de toda a sua jornada de atenção à saúde, durante toda a sua vida.
Leia também: Programa de Saúde Corporativa reformula ações
É por meio da inteligência artificial que surge a área de pesquisa ligada à mineração de processos, que busca, por meio de dados e algoritmos, descobrir, monitorar e melhorar processos reais. Aplicada à saúde, a mineração de processos transforma, por meio de soluções tecnológicas, a rotina de médicos e pacientes, trazendo mais agilidade e assertividade por meio da compilação e comparação de dados.
Parceria entre empresa e universidade deu início à implementação
Para chegar a essa conclusão e atingir resultados satisfatórios, porém, há a necessidade de muito investimento em pesquisa na área, promovendo um ambiente favorável à inovação e soluções tecnológicas. Dentro da Unimed Paraná, essa história teve início ainda em 2016, quando o especialista do Núcleo de Inteligência em Saúde (NIS) da cooperativa, Marcelo Dallagassa, realizou uma pesquisa baseada em mineração de processos na área da saúde durante o processo de defesa do doutorado. “Em 2017, fizemos uma reunião na PUCPR para apresentar a minha tese e, com orientação de um dos coordenadores do curso de informática aplicada da instituição, fui direcionado a um grupo de estudos que estava avaliando a utilização da mineração de processos de maneira geral”, explica.
Na ocasião, Dallagassa conheceu Cleiton dos Santos Garcia e Alex Meincheim, que hoje são sócio fundadores da Upflux, uma startup focada na área de mineração de processos na saúde. “Eles me convidaram a participar da pesquisa acerca do tema. Eu, juntamente com a professora Deborah Ribeiro Carvalho, fomos envolvidos para pesquisar sobre a mineração de processos aplicada na área da saúde”, lembra. Durante a pesquisa realizada, a Unimed Paraná optou por fazer um investimento focado no desenvolvimento de uma solução utilizando a mineração de processos, contratando a Upflux para tal ação. “A decisão teve um certo ineditismo ao aplicar os recursos em uma solução voltada para a saúde, especificamente para a área de auditoria de contas. O desenvolvimento aconteceu durante todo o ano de 2018, e hoje já está consolidado com a aplicação não só na Unimed Paraná, mas em quase todo o estado e também fora, em outras Unimeds e empresas clientes da Upflux”.
O primeiro piloto do processo desenvolvimento com o investimento da Unimed Paraná foi realizado ainda em 2018, com a Unimed Ponta Grossa. “A Singular foi uma grande parceria em dedicar também esforços para a aplicação da mineração de processos diretamente na área de gestão hospitalar”, comenta Dallagassa.
Reconhecimento internacional das pesquisas realizadas
Além do desenvolvimento dessa solução para cooperativa, a pesquisa aplicada de Dallagassa e Deborah resultou, também, em um artigo publicado em uma revista de renome internacional, em 2019. “Essa publicação também nos trouxe realmente essa visão de oportunidades de utilização da mineração de processos na saúde, gerando mais de 50 citações”, detalha.
Além disso, o projeto desenvolvido por meio da parceria entre a Unimed Paraná e Upflux proporcionou a construção de outro projeto de pesquisa por parte do especialista, desta vez focado na aplicação da ferramenta na avaliação de tecnologia em saúde. “A minha defesa de tese utilizou dados do hospital Erasto Gaetner, que foram aplicados na avaliação da cirurgia robótica versus a cirurgia laparoscópica, no qual montei todo um ensaio para desenvolver e provar a utilização da ferramenta na aplicação de avaliação de tecnologia em saúde. Minha tese foi defendida e hoje já tem publicações voltadas a essa aplicação, resultando também em um artigo publicado em fevereiro deste ano”, celebra.
Frutos da pesquisa e investimento são colhidos diariamente
O investimento realizado pela Unimed Paraná em pesquisa voltada à tecnologia em saúde gera frutos até hoje, com transformações constantes que impactam profissionais da saúde e beneficiários. No setor de Atenção à Saúde da Federação, a mineração de processos é utilizada na Jornada do Paciente – processo que monitora toda a vivência do paciente dentro do ambiente hospitalar, promovendo um atendimento de qualidade por meio da análise de dados em tempo real -, no gerenciamento de crônicos e também na gestão de casos especiais. “Recentemente, também temos trabalhado em um processo de liberação mais ágil”, comenta Dallagassa.
De acordo com o especialista, é válido lembrar que todo esse trabalho de pesquisa e os resultados alcançados só são possíveis devido ao investimento em pesquisa científica – ressaltando ainda a questão da parceria empresa-academia.
Um marco tecnológico
O diretor de Inovação da Unimed Paraná, William Procópio dos Santos, também destacou a importância da parceria entre academia e cooperativa, que tem trazido bons frutos ao Sistema Unimed. “O estímulo a essas parcerias institucionais tem como objetivo fazer uma verdadeira integração entre os dois núcleos, e a academia é um dos pontos importantes dessas parcerias que visam o desenvolvimento nas áreas de negócio, tecnologia e demais áreas de conhecimento”.
Sob o ponto de vista do diretor, a mineração de processos aplicada à área da saúde pode ser considerada um dos maiores marcos tecnológicos do setor. “Esse olhar detalhado que a ferramenta nos oferece nos auxilia muito, e acredito que talvez seja um dos maiores marcos tecnológicos quando falamos sobre transformação digital para os cuidados do paciente e gestão de processos na área da saúde”, diz.
Para Santos, a grande vantagem é o fato de a ferramenta ser “horizontal, indo de ponto a ponto do processo”, promovendo melhorias não só para a Unimed Paraná, mas para toda a cadeia de saúde, como hospitais e operadoras de saúde.