O poder transformador das cooperativas

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(Foto: Ilustração/Freepik)

Veja o artigo do presidente da Unimed Paraná, Paulo Roberto Fernandes Faria, sobre o crescimento e a importância das cooperativas no Brasil e no mundo

Em 2025, a ONU celebrará o Ano Internacional das Cooperativas, pela segunda vez em sua história – a primeira ocorreu em 2012, logo após o enfrentamento da crise econômica de 2008. Naquela ocasião, a ONU reconheceu o papel fundamental das cooperativas na recuperação econômica, com a criação de mais de 100 milhões de empregos em todo o mundo. Agora, mais uma vez, a ONU reafirma a importância delas para as comunidades em momentos de crise, como foi evidenciado pela recente pandemia.

No mundo, existem cerca de três milhões de cooperativas e um bilhão de cooperados. Se as 300 maiores fossem um país, representariam a 11ª maior economia mundial, com um PIB de US$ 2,1 trilhões.

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Dr. Paulo Roberto Fernandes Faria, presidente da Unimed Paraná

Com essa homenagem, a ONU incentiva os 193 países-membros a valorizar o cooperativismo, apoiando as cooperativas já existentes e facilitando a criação de novas. Isso também envolve o estímulo à cooperação técnica entre cooperativas em diferentes regiões, promovendo maior presença de representantes cooperativistas em fóruns de decisão locais, regionais e globais. Segundo a OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), essa iniciativa pode favorecer o aprimoramento das legislações, o acesso a tecnologias e outros recursos que viabilizem o desenvolvimento do cooperativismo.

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A OCB¹ destaca 10 razões pelas quais a ONU decidiu homenagear o cooperativismo: (1) as cooperativas colocam as pessoas em primeiro lugar; (2) mostram resiliência em tempos de crise; (3) geram resultados que fortalecem a economia local; (4) são fundamentais para a implementação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável); (5) mantêm trabalho e renda para milhões de cooperados; (6) desempenharam papel decisivo no combate ao coronavírus e a telessaúde; (7) cuidam das comunidades onde estão inseridas; (8) contribuem para a segurança alimentar global; (9) promovem o desenvolvimento de mulheres e jovens; (10) integram pequenos produtores rurais e trabalhadores autônomos à economia.

Esses atributos refletem a contribuição significativa do cooperativismo para as comunidades e para o mundo, demonstrando seu potencial transformador em benefício da sociedade.

A Unimed é um exemplo disso. É o maior Sistema Cooperativo Médico do mundo, que atende 19,7 milhões de beneficiários, conta com 339 cooperativas e 116 mil médicos-cooperados, opera aproximadamente cerca de 2.500 hospitais credenciados e 163 hospitais próprios, abrangendo 5.094 municípios, o equivalente a 91,5% do território nacional. Em 2023, o Sistema Unimed Nacional obteve um faturamento de R$ 99,3 bilhões, cerca de 1% do PIB do Brasil, com um custo de R$91,1 bilhões, gerando um resultado líquido de R$ 300 milhões. Em tributos e impostos, o Sistema pagou R$ 2,37 bilhões.

O Sistema Unimed Paranaense segue o mesmo fluxo, atende a 1,85 milhão de beneficiários, conta com 23 cooperativas e 11,5 mil médicos-cooperados, opera com uma rede de 210 hospitais credenciados e 10 hospitais próprios, abrangendo todo o território estadual. Em 2023, o Sistema Unimed Estadual obteve um faturamento de R$ 8,6 bilhões, cerca de 1,3% do PIB do Paraná, com um custo de R$ 8 bilhões e um resultado líquido de R$ 255 milhões. Em tributos e impostos o Sistema Paranaense pagou R$ 234 milhões.

Os números refletem a grandeza de um Sistema que contribui significativamente com a saúde em nosso país e, em particular, em nosso estado do Paraná. Em um artigo anterior, refleti sobre o futuro da medicina² e destaquei o papel essencial do cooperativismo para enfrentar os desafios da saúde. Ele promove a conexão entre inovação e tradição, tecnologia e desenvolvimento humano, pesquisa e prática, e reforça a autonomia e o gerenciamento responsável.

Com os desafios que estão postos, em especial o crescimento das escolas médicas, formando, anualmente, mais de 40 mil médicos e o discreto crescimento da economia em nosso país, o cooperativismo médico representa um modelo de organização em que o profissional médico pode e deve ser protagonista de sua atividade, o que possibilita o encontro de soluções que preservem a dignidade e a autonomia da profissão.

¹ https://somoscooperativismo.coop.br/noticias-saber-cooperar/2025-sera-o-ano-internacional-do-cooperativismo

² Artigo publicado: O médico do futuro – funcionamento em rede, disponível em: https://revistaampla.com.br/o-medico-do-futuro-funcionamento-em-rede-artigo-dopresidente-da-unimed-parana/

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