No mundo empresarial, a Auditoria Interna já é uma ferramenta consolidada para avaliação do ambiente interno de uma instituição. No modelo de negócio cooperativista, com o passar dos anos, ela também tem firmado suas raízes e demonstrado seu papel na análise de processos internos, fornecendo dados e métricas que norteiam o trabalho das cooperativas em busca de sustentabilidade.
Considerada uma atividade independente para o fortalecimento da governança e da sustentabilidade, a auditora interna da Unimed Paraná, Mariele Frohner, explica que a atuação da área na cooperativa busca assegurar a transparência e a eficiência, fornecendo informações precisas e imparciais para embasar decisões estratégicas. “Além de fortalecer a gestão, a atuação da auditoria envolve a mitigação de riscos, o cumprimento das regulamentações e a melhoria contínua dos processos internos. Dessa forma, a Auditoria Interna contribui diretamente para a sustentabilidade e o crescimento da cooperativa”, afirma.
Apesar da importância, muitas empresas — e até mesmo cooperativas — ainda não possuem uma auditoria consolidada. Segundo Mariele, é essencial o apoio da alta direção, tanto para a criação quanto para o fortalecimento da área, além da oferta de capacitação contínua da equipe e da adoção de boas práticas de governança e compliance.
Desafios para a consolidação de uma Auditoria Interna
As dificuldades enfrentadas pela Auditoria Interna variam conforme as características de cada organização, mas envolvem pontos como modelo de governança, estrutura da área, escassez de profissionais qualificados, ausência de investimentos adequados em tecnologia e falta de uma estrutura consolidada de gestão de riscos. “Além da resistência à formalização de processos, à implementação de controles internos e à falta de percepção de que o auditor é um parceiro estratégico”, destaca a auditora.
A percepção sobre o papel da auditoria precisa estar alinhada com quem atua na área. De acordo com o auditor interno da Unimed Curitiba, Elias de Oliveira, um dos desafios é a dificuldade em definir com clareza o propósito da auditoria. “Percebo que as empresas em geral — não apenas as cooperativas — constituem uma área de auditoria sem saber muito bem o que esperam dela. Muitas vezes, confundem o trabalho tradicional de auditoria, aquele que deve observar as Normas Internacionais dos Auditores Internos, com outras atividades, como mapeamento de riscos, revisão de fluxos de atividades ou auditoria da qualidade. Todas são importantes, mas possuem escopos diferentes”, acrescenta. Segundo ele, sem essa definição clara, as cooperativas acabam desperdiçando tempo e recursos, além de não aproveitarem o potencial da auditoria de forma efetiva.
Para Margarete Aparecida Valente Marchezim, gerente de Controladoria e Compliance, e Jael Firmino de Oliveira, auditor interno da Unimed Regional Maringá, a existência de normas e procedimentos internos bem estruturados contribui significativamente para a qualidade e a segurança dos processos organizacionais. Por sua vez, além de comprometer a agilidade na obtenção de resultados, a falta desses protocolos pode sobrecarregar a área auditada, uma vez que o auditor precisará ampliar o escopo e aprofundar as análises. Isso torna o trabalho mais exigente para garantir resultados reais e compatíveis com os processos da área.
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Auditoria como promotora da sustentabilidade
Uma Auditoria Interna eficiente gera benefícios significativos para as cooperativas, promovendo não apenas a transparência e a governança, mas também contribuindo diretamente para a sustentabilidade financeira da organização. Esse conjunto — formado por confiança, controle e planejamento — é fundamental para manter a cooperativa preparada para os desafios do setor de saúde suplementar, cada vez mais regulado e competitivo.
O papel da auditoria na sustentabilidade pode ser compreendido sob três pilares, conforme a auditora interna da Unimed Paraná. O primeiro é o econômico, que envolve a redução de desperdícios, o fortalecimento dos controles financeiros e a otimização dos processos, garantindo o uso mais eficiente dos recursos. O segundo é o social, relacionado à conformidade com legislações e normativas, à transparência nas decisões e ao fortalecimento da confiança com cooperados, colaboradores e demais stakeholders. “Por fim, o pilar ambiental, ainda em expansão nas cooperativas de saúde, ganha força à medida que a auditoria também passa a atuar no monitoramento de práticas sustentáveis, na mitigação de riscos socioambientais e na adesão a critérios ESG [ambientais, sociais e de governança]”, comenta Mariele.
Atuação independente
Valente Marchezin, gerente de Controladoria e Compliance,
ambos da Unimed Maringá (Foto: Reprodução/Unimed Maringá)
É imprescindível também, de acordo com o auditor da Unimed Curitiba, que a área tenha atuação independente e objetiva para avaliações técnicas que apoiem a tomada de decisões e a sustentabilidade da cooperativa. “São quatro os objetivos centrais dessa atuação: aa salvaguarda dos ativos; a confiabilidade e integridade das informações financeiras e operacionais; a eficácia e eficiência das operações; e a conformidade com leis, regulamentos, políticas, procedimentos e contratos”, complementa Elias.
Além de sua importância interna, a Auditoria também contribui para a imagem externa da organização. Margarete Marchezim e Jael Firmino ressaltam que uma área bem estruturada fortalece o posicionamento institucional. Operadoras que possuem uma área de Auditoria Interna bem estruturada e integrada ao Compliance demonstram maior solidez institucional, o que favorece a construção da confiança junto à comunidade e reforça o reconhecimento por parte dos órgãos fiscalizadores.
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