Artigo do diretor de Saúde e Intercâmbio da Unimed Paraná, Faustino Garcia Alferez, sobre o cooperativismo como modelo de gestão
Quando os pioneiros do cooperativismo, os tecelões do bairro de Rochdale, em Manchester na Inglaterra, criaram a primeira cooperativa moderna, em 1884, com o objetivo de trabalho mútuo e compartilhamento de resultados, agindo na compra e venda de mercadorias de uso comum, trouxeram consigo princípios, embasados na ética, que mais tarde, deram origem ao texto dos atuais princípios do cooperativismo.
No Brasil, desde pouco antes do ano de 1900, já se iniciou um movimento cooperativista de trabalho, em Ouro Preto, MG, seguido de focos em outros estados, prosperando o cooperativismo de crédito no Rio Grande do Sul, estado onde, logo depois, iniciaram-se os primeiros movimentos em cooperativas rurais, em 1906. Esse último movimento foi tão forte e prosperou tanto, que, hoje, muitos, ao se referirem a uma cooperativa, têm a ideia de cooperativa agrícola, mas como vemos, existem vários segmentos.
Há pouco mais de 50 anos, foi fundada a primeira cooperativa de trabalho médico no Brasil, Unimed (União de Médicos), em Santos, SP, por um médico formado no Paraná, Dr. Edmundo Castilho. A Unimed é a maior cooperativa de trabalho médico do mundo, trazendo pessoas de diversos países, para conhecer a sua estrutura. A fase romântica do cooperativismo sempre será lembrada com admiração, mas a estrutura de negócios criadas em razão das cooperativas não para de se expandir, seja agrícola, de crédito, ou de trabalho, proporcionando ganhos à comunidade e crescimento do entorno de suas sedes. Na questão particular da Unimed, para entrar como sócio da cooperativa, há que ser obrigatoriamente médico e se submeter às normas e aos modernos princípios cooperativistas, incrustados em seus estatutos e regimentos internos.
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O primeiro princípio cooperativista, a Adesão Livre e Voluntária, já foi por demais discutido, sempre havendo motivos para novas interpretações, principalmente quando se depara com a questão de excesso de cooperados, combinado com deficiência do serviço a compartilhar, no caso de cooperativas de trabalho médico. Se é fundamental que o trabalho seja dignamente remunerado, provocando no sócio o interesse em praticar o ato cooperativo, tem a alta direção da sociedade cooperativista, a obrigação de manter esse interesse, oferecendo a esses sócios os potenciais clientes. Isso em um contingente numeroso o sufi ciente, para que não falte trabalho, entre os beneficiários dos seus diversos planos, captados pela operadora de planos de saúde.
É importante lembrar que a cooperativa não tem o objetivo do lucro, mas sim de oferecer trabalho aos associados, por um valor justo, mas também exigindo dos sócios qualidade no atendimento assistencial. Esse direcionamento, aliado às boas práticas médicas e à medicina baseada em evidências, oferece alto grau de resolução médica, o que também controla a sinistralidade e, consequentemente, não onera por demais os beneficiários, já que se trata de uma mútua entre eles, proporcionando satisfação a esses clientes. Se houvesse excesso de sócios, para o contingente de beneficiários, independentemente de quanto se pagaria ao ato médico, a remuneração total individual poderia ser baixa, provocando desinteresse na sociedade e na participação da sua defesa. Não é uma questão de reserva de mercado; sim, de poder remunerar bem a soma dos atos assistenciais, de forma que sejam realizados com qualidade.
Desde há algum tempo, as Singulares têm periodicamente realizado ofertas de vagas, especificamente às especialidades mais procuradas pelos beneficiários, por meio de testes de conhecimentos e análises dos currículos. Isso é importante quando o número de candidatos capacitados ultrapassa as vagas disponíveis, para manter o equilíbrio necessário na relação de demanda médica e remuneração justa. Cuidados assim colaboram para que aos clientes Unimed seja ofertado o melhor e mais capacitado atendimento, diretamente pelo sócio da cooperativa.