Acompanhe o oitavo episódio da série “O que é ser médico hoje?”. A entrevistada é a infectologista Mônica Gomes da Silva
A Revista Ampla iniciou, no dia 18 de outubro, uma série sobre O que é ser médico hoje. Com um episódio por mês, a série vai ouvir médicos durante um ano, e o material será aproveitado para um documentário sobre o mesmo tema.
Clique aqui e confira o sexto episódio da série
A ideia é discutir os caminhos, as transformações e o que é perene nessa profissão tão impactante para todos nós, uma vez que carrega em si um objetivo ímpar, o cuidado com a vida, a começar pelo compromisso assumido pelo médico ao término de sua formação acadêmica – o famoso juramento de Hipócrates.
Neste oitavo episódio, a entrevistada é a infectologista Mônica Maria Gomes. Confira!
Ir além para se diferenciar
“Se fosse para fazer tudo de novo, eu iria no mesmo caminho porque foi realmente uma enorme aventura. E ainda terá mais, não é? Dizem que a gente vai ter outros vírus, outras pandemias, outras coisas e a infectologia vai me proporcionar mais desafios.” Este é o futuro vislumbrado pela infectologista e neurologista Mônica Gomes da Silva.
Já se passaram muitos anos desde que transformou as brincadeiras de criança em profissão. Graduada pela Faculdade Evangélica, inicialmente interessou-se pela neurologia, a primeira residência. Ainda no final percebeu uma oportunidade específica associando-a com a infectologia e fez, então, a segunda especialização.
“Eu quis cruzar essas duas áreas para entender como as infecções acometiam o sistema nervoso. Naquela época, essa formação não existia no Brasil e, por isso, me interessei”, relembra. Mônica atua no consultório, dá aulas na Universidade Federal do Paraná e é também uma pesquisadora da medicina.
Antes da pandemia, a linha de pesquisa conduzida por ela versava sobre o HIV. “Eu pesquiso em doenças infecciosas em geral, principalmente doenças virais. Eu estava trabalhando com isso (HIV) até a chegada do SARS COV 2. Com a Covid 19, houve outras possibilidades de investigação, de pesquisa de novos medicamentos, vacinas e daí ampliou a nossa possibilidade de participação”, ressalta. Para ela, é fundamental aliar a pesquisa com a medicina. “Precisamos desenvolver protocolos de qualidade e trazer evidências concretas daquilo que funciona ou não funciona para o benefício de todos nós em saúde”, completa.
No convívio com os alunos, Mônica destaca a importância de ir além, de fazer um pouco mais para se diferenciar. “E muitas vezes, esse ir além é a forma como a gente acolhe o paciente, a atenção dispensada para cada caso. Cada paciente é um ser único e merece ser visto e atendido desta forma”, pontua.
Ela relembra o início da pandemia do coronavírus, quando pouco se sabia da doença. Hoje, a Covid ainda é uma realidade, mas muito se aprendeu e se descobriu nesses últimos dois anos. “São avanços muito significativos que nos possibilitam continuar investigando as doenças infecciosas”, pondera. Entretanto, lembra do preconceito envolvendo a infectologia. “Mesmo com os avanços tecnológicos que justificariam conseguir mais conhecimento e cultura, a doença infecciosa ainda é cercada de preconceito e isolamento. Este é um grande desafio da nossa área”, complementa.
Mônica tem muito orgulho com a carreira escolhida e sente-se satisfeita pela trajetória construída. Ela destaca a compaixão como a grande diferença na relação médico-paciente. “A gente precisa entender aquele ser humano está doente e merece o melhor. Seja em termos de respeito, de atendimento técnico especializado e, principalmente, de parceria”, analisa. “É preciso ter compaixão. Eu sempre digo para os meus pacientes: a gente vai dar a mão e prosseguir juntos. Aonde a gente for, iremos juntos”, finaliza.