Meio ambiente e saúde: confira entrevista com especialista no tema

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(Ilustração/Freepik)

Como relacionar meio ambiente e saúde? O setor tem um grande impacto ambiental e precisa se transformar para um futuro saudável

Meio ambiente é a pauta do momento. Se antes, o tema era restrito aos ativistas e especialistas, hoje estamos discutindo o impacto que diversos setores têm na natureza. No entanto, ainda é preciso falar mais sobre a relação entre o setor da saúde e a degradação ambiental.

Em operadoras, hospitais, laboratórios e centros de pesquisa, algumas mudanças podem causar uma grande diferença, como a transição energética, construções verdes, descarte correto de embalagens, preferência por materiais biodegradáveis, reciclagem, etc. Para entender melhor sobre o impacto e as soluções possíveis para o setor, conversamos com o gerente de pesquisas do centro de tecnologia e inovação Lactec, Luciano Carstens:

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Luciano Carstens, gerente de pesquisas do centro de tecnologia e inovação Lactec (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)

Revista Ampla – Qual é o impacto do setor da saúde na natureza?

Luciano Carstens – A saúde é um setor fundamental para os seres humanos, mas alguns cuidados devem ser adotados para diminuir os impactos que afetam também a vida humana, como o descarte adequado de medicamentos. Estudos realizados pela Brasil Health Service, mostram que 1 kg de medicamento descartado no esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água. Outro ponto é a destinação correta de resíduos gerados em clínicas, farmácias, hospitais e consultórios odontológicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 20% dos materiais hospitalares são considerados perigosos e precisam ser descartados adequadamente.

“A pauta ESG deve estar presente no setor da saúde como em todos os outros, especialmente por se tratar de políticas que impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas”

Revista Ampla – Qual é a importância de a pauta ESG (em inglês, environmental, social and governance, ou seja, ambiental, social e de governança) estar presente nas discussões do setor da saúde?

Luciano Carstens – A pauta ESG deve estar presente no setor da saúde como em todos os outros, especialmente por se tratar de políticas que impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas. É preciso investir em aspectos de governança socioambiental, com respeito e compliance na execução das atividades, aliadas à preservação do meio ambiente. Além da conscientização das pessoas de que todas as nossas atividades estão inter-relacionadas e que as consequências de práticas não recomendadas impactam o futuro de toda a humanidade.

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Revista Ampla – Quais são as possíveis soluções para os principais problemas ambientais do setor? Por exemplo, a medicina ainda precisa usar descartáveis, mas existem outros materiais melhores para substituir o plástico?

Luciano Carstens – Como solução para ambientes hospitalares e de tratamento, vejo como fundamental o investimento em políticas de Pesquisa e Desenvolvimento de forma a fomentar a adoção de novas tecnologias. É muito importante que sejam criados mecanismos e disponibilizados recursos, aproveitando o capital intelectual dos pesquisadores brasileiros nas áreas de tecnologia e saúde, que devem trabalhar cada vez mais conectadas. Com isso, será possível a adoção de novos processos e o desenvolvimento de novos materiais, reduzindo o descarte das matérias-primas e incentivando a economia circular. Alguns exemplos envolvem o desenvolvimento de produtos à base de biomateriais, produtos recicláveis ou biodegradáveis, que atendam às necessidades do setor.

Revista Ampla – Por fim, quais posturas os profissionais de saúde podem adotar para gerar menos impacto?

Luciano Carstens – Aplicar políticas e estudar formas de viabilizar a circularidade para que práticas ecosocioambientais sejam implementadas na realização das atividades cotidianas, seja com a revisão de processos, a atualização tecnológica e com a conscientização quanto ao uso de materiais de maneiras correta e otimizada.

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