Acompanhe o décimo episódio da série “O que é ser médico hoje?”. O entrevistado é o geriatra e gerontologista Rubens de Fraga Junior
A Revista Ampla iniciou, no dia 18 de outubro, uma série sobre O que é ser médico hoje. Com um episódio por mês, a série vai ouvir médicos durante um ano, e o material será aproveitado para um documentário sobre o mesmo tema.
Confira o nono episódio da série
A ideia é discutir os caminhos, as transformações e o que é perene nessa profissão tão impactante para todos nós, uma vez que carrega em si um objetivo ímpar, o cuidado com a vida, a começar pelo compromisso assumido pelo médico ao término de sua formação acadêmica – o famoso juramento de Hipócrates.
Neste décimo episódio, o entrevistado é o geriatra e gerontologista Rubens de Fraga Junior. Confira!
Ser médico: a medicina como um propósito de vida
O Brasil envelhece a olhos vistos. Ainda que a pandemia do coronavírus tenha alterado a expectativa de vida média, no geral, o prateado nos cabelos fica cada vez mais comum. Associado a isso, a redução nos índices de natalidade fará o nosso país aumentar o percentual de idosos.
“A gente vive num país que idolatra ideais de juventude. Então, o idoso tem um diálogo interno negativo em relação ao envelhecimento”. A análise é do geriatra e gerontologista, Rubens de Fraga Junior. “O nosso desafio é mostrar que o envelhecimento é um caminho certo para todos nós. O que a gente pode fazer é tornar essa viagem um pouco mais agradável, mais feliz”, completa.
Fraga Junior percebeu a vocação quando entrou para um grupo de escoteiros. Um dos integrantes era estudante de medicina. “Ele incentivava a gente a olhar para o outro ser humano, a cuidar daqueles que eventualmente sofriam pequenos ferimentos durante as nossas atividades”, relembra.
O trabalho num hospital militar despertou-lhe o interesse pela geriatria. O contato com pacientes idosos foi o estímulo para entender melhor o envelhecimento. “Eu procurei estudar doenças degenerativas como Alzheimer e como abordar também o impacto disso na família”, especifica.
O geriatra frisa como é importante envolver a família na relação médico-paciente com o idoso. “Por princípios éticos, o paciente é o nosso foco principal, mas a família ajuda muito no controle das doenças crônicas”, pondera. Fraga Junior acrescenta: “o cuidado dos idosos, na maioria das vezes, recai sobre um familiar. E muitos cuidadores precisam de cuidados também, de estratégias que ofereçam uma melhor qualidade de vida. Então, a gente foca todo o núcleo familiar.”
Para ele, a geriatria é um espaço propício para o uso da telemedicina. Muitos acompanhamentos podem ser feitos à distância, porém com ressalvas. “Existe uma resolução do Conselho Federal de Medicina estabelecendo ao menos uma consulta presencial a cada 180 dias para os pacientes com doenças crônicas”, esclarece. “E claro, qualquer situação emergencial requer atendimento face a face, imediatamente”.
Para falar sobre sucesso na profissão, o médico recorre a uma filosofia muito presente na ilha de Okinawa, no Japão. “Eles falam, valorizam e vivenciam o ‘Ikigai’. O significado é muito bonito: um motivo, um propósito para você se levantar da cama todos os dias”, destaca. “Este é o meu, o compromisso dos médicos. Se eu consigo cuidar, já que nosso objetivo final nem sempre passa pela cura, eu atingi o meu objetivo e me sinto bem sucedido”, completa.
Quando olha para a trajetória construída, Rubens de Fraga Junior sente muito orgulho. “Eu tenho muita resiliência. Eu acredito que tive dificuldades na minha profissão, mas no filme da minha vida, eu não tiraria nada. Eu faria novamente a mesma coisa”, finaliza sorrindo.