Acompanhe o sétimo episódio da série “O que é ser médico hoje?”. O convidado é o cardiologista Mário Sérgio Júlio Cerci
A Revista Ampla iniciou, no dia 18 de outubro, uma série sobre O que é ser médico hoje. Com um episódio por mês, a série vai ouvir médicos durante um ano, e o material será aproveitado para um documentário sobre o mesmo tema.
Clique aqui e confira o sexto episódio da série
A ideia é discutir os caminhos, as transformações e o que é perene nessa profissão tão impactante para todos nós, uma vez que carrega em si um objetivo ímpar, o cuidado com a vida, a começar pelo compromisso assumido pelo médico ao término de sua formação acadêmica – o famoso juramento de Hipócrates.
Neste sétimo episódio, o entrevistado é o cardiologista Mário Sérgio Júlio Cerci. Confira!
Atender os pacientes é sinônimo de felicidade
“Não vou fazer outra coisa porque me sinto capaz de fazer, estou atualizado na minha profissão e, felizmente, estou bem fisicamente. Por enquanto, não vou parar.” O riso solto que completa essa frase dá a medida exata do médico Mário Sérgio Júlio Cerci. Com mais de 40 anos de atuação, o cardiologista finalizou a carreira como professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Porém, segue firme na rotina do consultório. “Nada me dá mais felicidade do que atender, melhorar o sofrimento do paciente que me procura”, completa.
Ao contrário da grande maioria, Cerci não sonhou com a medicina desde a infância. Ele queria ser engenheiro. O ingresso na carreira exigia habilidades específicas com o desenho, algo distante do repertório do então adolescente. Ingressou na UFPR e na disciplina de propedêutica médica, definitivamente se encontrou. “Logo que me formei, iniciei a residência e o mestrado. Com 25 anos já era professor”, lembra.
“Hoje eu compreendo porque fiz cardiologia. Cardiologia é uma ‘ciência exata’. O coração é uma bomba hidráulica, as artérias e veias são os tubos que conduzem o sangue. Tudo isso é física pura”, explica. Ao longo de mais de três décadas como professor, Cerci calcula ter dado aulas para mais de 6 mil médicos. “Tenho ex-aluno espalhando por quase todo o Paraná”, conta orgulhoso.
Titular da disciplina de propedêutica médica – “aquela que ensina o médico a conversa, a examinar, a ter a relação médico-paciente adequada” – admite que foi um professor muito exigente. “Sete horas da manhã eu estava na sala e não admitia atrasos. Se o aluno não está na aula no horário, como será quando estiver atendendo?”, questiona.
Com tantos atendimentos realizados no consultório, Cerci reconhece a ligação do “órgão” coração com as emoções, principalmente para quem não é da área. Para os profissionais da saúde, entretanto, trata-se de uma máquina hidráulica para bombear o sangue. O cardiologista ressalta a importância de atuar nas duas frentes. “O médico tem que agir com competência para tratar a máquina, mas tem que ter muita competência para perceber o sentimento, a necessidade de carinho que o paciente precisa”.
Para Cerci, a finitude da vida é uma realidade a ser encarada por todos os profissionais de saúde. “Nós temos que fazer de tudo para o paciente viver mais e melhor. Porém, esgotadas todas as alternativas possíveis, temos apoiar aquele indivíduo poder morrer com dignidade”, exorta.
Ao longo de mais de quatro décadas de atuação, o médico destaca as mudanças positivas tanto no exercício do magistério, quanto na clínica. Ele frisa que, independente do espaço de trabalho, algo nunca mudará no exercício profissional. Para ele, ser médico “é ter um vínculo muito grande médico-paciente. Isto é eu vou me dedicar a ele com toda a intensidade. De alguns anos para cá eu sinto que alguns novos médicos este vínculo é mais difícil”, finaliza.
Confira todos os episódios: