Pós-covid gera surto de doenças respiratórias infantis

Doenças respiratórias
(Foto: Ilustração/Freepik)

Prontos socorros pediátricos lotados, antibióticos e, até, soros nasais em falta nas farmácias, todas as famílias com uma criança com sintomas gripais em casa. O Paraná vive um surto de doenças respiratórias infantis. Para a Sociedade Paranaense de Pediatria, o quadro atual ainda é um reflexo do pós-covid. O tempo em isolamento, com o contato restrito com outras crianças, é apontado como um dos fatores para o surto atual, por ter deixado muitas crianças com o sistema imunológico “desatualizado” para os vírus que estão circulando atualmente.

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“Estamos enfrentando um surto. Essas crianças ficaram muito tempo isoladas, em quarentena, durante a pandemia, e a gente acredita que elas não fizessem seu sistema imunológico anual pelo contato com alguns vírus. Então, consideramos que elas estão ‘virgens’ de exposição viral e, por isso, esse número elevado de quadros respiratórios”, comenta o presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Dr. Victor Horácio de Souza Costa Júnior. Ele cita que os principais quadros que estão sendo registrados são os de infecções de via aérea superior. “E, na faixa etária pediátrica, temos que levar muito em consideração as bronquiolites”

Para o médico, especialista em infectologia, a retomada das aulas presenciais sem restrições sanitárias tem forte influência no número de doenças respiratórias pediátricas. “Vejo com preocupação o não uso da máscara, principalmente em crianças que não foram vacinadas, as com menos de cinco anos. E a gente espera, com muita expectativa, que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) libere o uso da coronavac para essas crianças abaixo de cinco anos, pois o pedido já está sob análise da Anvisa”, comenta.

O pediatra lembra que as medidas de prevenção contra a covid-19 também são eficientes contra os demais vírus respiratórios em circulação e recomenda a retomada do uso de máscaras, o reforço na higiene de mãos e que se evitem aglomerações. O médico também alerta que não se deve buscar pronto-socorro hospitalar em casos de sintomas gripais agudos. “A sala de espera de um hospital lotado pode fazer com que você vá por um motivo e acabe voltando para casa com outra doença adquirida lá. Por isso é importante ter o seu pediatra da confiança e, na presença de qualquer intercorrência procurar, em primeiro lugar o pediatra. Deixe a emergência do hospital para situações que realmente requerem esse atendimento de emergência, como uma febre que não baixa com o uso de antitérmico, criança vomitando sem controle com medicamentos em casa, quadro de insuficiência respiratória, crise convulsiva”, orienta.

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