Psicóloga Evelise Carvalho mostra que é possível usufruir dos benefícios das redes sociais de forma saudável
Saber equilibrar o uso da tecnologia no dia a dia virou um desafio enorme durante a pandemia. Afinal, com a necessidade de distanciamento social, o trabalho, o lazer e as interações tiveram que migrar para o mundo digital, o que pode impactar a nossa saúde mental.
Leia também: Pandemia intensifica o risco de doenças mentais no ambiente corporativo
Para tratar desse assunto, o Programa de Saúde Corporativa da Unimed Paraná promoveu no último dia 3 um webinar sobre a relação entre a saúde mental e o uso excessivo dos meios ou plataformas digitais. A convidada foi a psicóloga Evelise Carvalho, mestre em psicologia forense e palestrante sobre comportamento antissocial na internet.
Fique atento ao que sente e exercite o senso crítico
Durante o encontro, Evelise afirmou que, mais importante do que observar o tempo que você fica on-line, é perceber os prejuízos que o uso da internet – ou a abstinência dela – traz para a sua vida. Por exemplo, depois que você olha as redes sociais, sente-se mais triste? Quando não olha, tem picos de ansiedade? Você vai dormir mais tarde ou deixa de fazer certas atividades para ficar na internet? Caso a resposta seja sim, você pode tentar um detox digital, ficando alguns períodos do dia sem olhar as redes, ou buscar ajuda profissional.
“O problema está em como usamos a ferramenta. Tudo em excesso e sem senso crítico vai prejudicar”, afirmou a psicóloga, que alertou para o cuidado que devemos ter com conteúdo sensacionalista, notícias falsas ou descontextualizadas e com a comparação com outras pessoas. “Do mesmo jeito que nós filtramos o que colocamos nas redes sociais, precisamos ter consciência que todo mundo faz isso. Então, quando olhamos as redes dos outros, precisamos ter cuidado para não tomar aquilo como realidade”, disse.
Leia também: Como planejar a maternidade em meio à vida profissional?
A especialista afirmou ainda que a felicidade mostrada nas telas tem até nome específico: felicidade tóxica. Ela faz mal porque aparenta ser o estado natural das pessoas, mas na verdade é apenas um instante da vida delas. “A felicidade, biologicamente falando, dura 32 segundos. O estado natural do ser humano é neutro, com pequenas oscilações durante o dia”, comentou a especialista. Ela relembrou também que vivenciar a dor e o sofrimento faz parte de uma vida plena.
Como então usufruir dos benefícios das redes de forma saudável?
Confira as cinco dicas da Evelise para manter a saúde mental em dia sem abrir mão da comunicação on-line, tão necessária nos dias de hoje.
1. Faça detox das redes
Avalie se a tecnologia está ocupando muito espaço na sua vida e tente se desligar por alguns períodos – um domingo de manhã, por exemplo. No começo, a abstinência talvez gere algum desconforto, mas logo depois será possível enxergar os benefícios, como o aumento da autoestima e a diminuição da ansiedade, da tristeza e da irritabilidade.
2. Tenha educação midiática
Participe do ambiente informacional e midiático de forma crítica, filtrando e analisando o que é consumido. Cuide também das suas senhas e pense bem antes de postar ou compartilhar algo.
3. Observe a sua saúde
Perceba os impactos que o uso das plataformas digitais tem na sua vida. Se você fica mais deprimido depois de acessar as redes, se fica rolando a timeline sem prestar atenção no que está vendo ou se perdeu o prazer em algumas atividades, pode ser a hora de procurar ajuda.
4. Seja gentil na internet
Apesar da distância física, a internet é feita de seres humanos e todos merecem respeito. O comportamento on-line reflete grande parte do que somos e, portanto, o que fazemos nesse ambiente também tem impacto na nossa vida social off-line.
5. Seja exemplo para seus filhos e mantenha o diálogo aberto
Os pais são modelos para os filhos, portanto, seja responsável, para que comportamentos indesejados nas redes não sejam repetidos por eles. Outra coisa importante é entender que embora as crianças e os adolescentes tenham facilidade para lidar com tecnologia, normalmente esse saber técnico não é acompanhado de um saber crítico. Então, informe-se sobre os interesses de seus filhos na internet e deixe claro que o diálogo está sempre aberto para assuntos corriqueiros ou qualquer tipo de problema.