Os sistemas de saúde já trabalham com o enfrentamento da síndrome pós-Covid, que reúne diversos sintomas
O pico da pandemia de Covid-19 no Paraná aconteceu há um ano. Foi entre abril e julho de 2021 que o estado teve a maior média diária de casos de mortes pela doença. Desde então, a curva do coronavírus no estado vem decrescendo, conforme avançou a vacinação da população. Mesmo com algumas oscilações no número de contaminações, os óbitos e as internações seguem diminuindo, já que, no paciente vacinado, a manifestação da doença tende a ser de forma mais leve. Mas, ao mesmo tempo em que mantém a preocupação com possíveis novas cepas e novas ondas de contágio, as autoridades em saúde reforçam, agora, a atenção aos pacientes pós-covid.
Os sistemas de saúde e, até o Governo Federal já trabalham com o enfrentamento da síndrome pós-Covid: uma doença multissistêmica, com problemas pulmonares, mas, também, vasculares, neurológicos, musculares e cardíacos, cujos sintomas podem permanecer por mais de um ano após a infecção pelo coronavírus.
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“Estima-se que em pacientes que tiveram covid-19 moderada a grave (ou seja, que precisaram de internação hospitalar), pelo menos a metade dos pacientes persista com algum sintoma por até um ano após a fase aguda da covid-19. Nestes pacientes, estão entre os sintomas mais comuns a fadiga, a falta de ar, dores nas pernas, alterações do sono, alterações de memória e lesão pulmonar persistente – o chamado vidro fosco na tomografia. Já para pacientes que tiveram um quadro de covid-19 leve, estima-se que pelo menos um terço possa ter algum sintoma persistente no decorrer de um ano de acompanhamento, sendo o sintoma mais comum a fadiga, neste grupo” explica a pneumologista Rebecca Stival, responsável pelo ambulatório de acompanhamento do pós-covid do Hospital Cajuru, em Curitiba.
A médica explica que ainda não há estudos sobre o surgimento dessas complicações em pessoas que contraíram o coronavírus, mas permaneceram assintomáticas. “A condição pós-covid, ou covid longa, caracteriza-se por um conjunto de sintomas persistentes que está temporalmente associado à covid-19. Por isso, na prática clínica, é muito difícil fazer esse diagnóstico em pacientes que não tiveram sintomas da Covid-19, pois não se consegue fazer essa relação íntima e cronológica com a fase aguda da doença”.
A Organização Mundial da Saúde considera como covid longa ou condição pós-covid o paciente que apresente sintomas após três meses da fase aguda da infecção e que tais sintomas perdurem por dois meses, sem que possam ser explicados por outra causa. No ambulatório da Dra. Rebecca Stival, qualquer sintoma que persista ou ressurja após um mês da fase aguda é avaliado já dentro deste quadro. “Todo paciente que apresentar algum sintoma persistente (fadiga, falta de ar, dor no peito, dores nas pernas, alteração de memória, alteração do sono) após um episódio de covid-19 aguda deve procurar um médico para ser avaliado. Este médico fará uma anamnese e exame físico bem detalhado, os exames complementares serão solicitados de acordo com as queixas dos pacientes se forem necessários”, explicou.
O monitoramento e recuperação de pacientes pós-covid também já faz parte do rol do Sistema Único de Saúde (SUS), onde foram incluídos dois novos procedimentos: “Reabilitação de Pacientes Pós-Covid-19” e “Reabilitação Funcional de Pacientes Pós-Covid-19″. Entre as medidas detalhadas em portaria, estão o atendimento mensal para as ações necessárias para reabilitação de pacientes que após infecção pelo coronavírus apresentarem alterações funcionais, nutricionais, neurológicas, musculoesqueléticas ou sensoriais que impactam nas atividades da vida diária.
Sintomas da condição Pós-Covid
- Cansaço e fraqueza
- Falta de ar
- Perda do paladar e olfato
- Dores de cabeça
- Ansiedade
- Depressão
- Déficit de memória e concentração
- Dores no corpo
- Formigamento ou redução da sensibilidade
- Agravamento de doenças preexistentes como diabetes, hipertensão, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca e doenças pulmonares