A resiliência das operadoras diante dos desafios da saúde suplementar

Com a volatilidade do mercado, operadoras de planos de saúde buscam exemplos para o enfrentamento de desafios

operadoras de planos de saúde
(Foto: Ilustração/Freepik)

De forma figurada, resiliência é a capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios. É, também, recuperar-se de uma situação adversa. A volatilidade do mercado incita a resiliência dentro das operadoras de planos de saúde para que possam ser cada vez mais sustentáveis e promover, apesar de todos os desafios, saúde e qualidade de vida às pessoas.

As mudanças que ocorrem no mercado de uma forma geral impactam, positiva ou negativamente, a saúde suplementar como um todo. No entanto, as dificuldades são constantemente enfrentadas e dribladas.

Para gerir todas as demandas, a área de Mercado de uma operadora de saúde tem que estar em constante resiliência – adaptando-se às novas realidades que aparecem e transformando ideias em projetos.

No Sistema Unimed Paranaense, esses projetos que se tornam cases de sucesso são sempre compartilhados entre as coirmãs, pois as intercorrências são muito parecidas. A diferença, muitas vezes, está apenas no impacto dessas dores. Algumas Unimeds, por exemplo, sentem mais do que as outras.

No entanto, de acordo com o coordenador do Núcleo de Apoio Mercadológico da Unimed Paraná, Paulo Henrique Lima de Carvalho, a forma de resolver essas pendências pode ser adaptada à necessidade de cada cooperativa. Para isso, as áreas de mercado das cooperativas paranaenses sempre tiveram intercooperação para o enfrentamento desses reptos. “Esse compartilhamento de informações faz com que o Sistema se fortaleça. Nós costumamos partilhar, entre as cooperativas, os casos de sucesso e de insucesso, pois servem de alerta para o cuidado em determinadas situações”, afirma.

Para tanto, são realizadas reuniões institucionais e gerenciais com diretores, gestores e técnicos das áreas envolvidas, de forma presencial e on-line durante o ano. “No decorrer dos últimos anos, as áreas de Mercado vêm trabalhando de forma muito alinhada no estado, com fóruns anuais e comitês, onde são discutidos estratégias e direcionamentos do Sistema Unimed do Paraná”, comenta Carvalho.

Desenvolvimento e singularidade

Um dos aspectos relevantes dentro do Sistema Unimed é a singularidade de cada cooperativa. Ou seja, as Unimeds têm autonomia para tomar suas decisões. Apesar disso, o coordenador do NAM acredita que a reestruturação da área de Mercado no estado se deu a partir da intercooperação das cooperativas. “Por enfrentarem muitas intempéries parecidas, por exemplo, resultados maiores ou menores trabalhando com determinados públicos ou tipos de produtos, o alinhamento acontece dentro do próprio Sistema Unimed.”

Esse alinhamento, entre as Singulares e a Federação do estado, acontece também com a definição das diretrizes estratégicas de todo o Sistema estadual. O trabalho de revisão e apresentação das novas diretrizes ocorreu neste ano de 2023, com o objetivo de nortear o trabalho das cooperativas no Paraná para o alcance de suas metas em cada uma das seis dimensões (Governança e sustentabilidade, Cooperados, Mercado, Clientes, Saúde e Inovação).

Além dos encontros anuais e da diretriz de Mercado, há um acompanhamento mais próximo e prático por meio do Programa de Desenvolvimento Mercadológico (PDM). Criado há, aproximadamente, sete anos, o serviço é ofertado por meio do Núcleo de Apoio Mercadológico e tem como objetivo apoiar as Singulares na estruturação ou na manutenção da área de Mercado, com um time dedicado e atuante. “Por meio do PDM, é possível criar ou aprimorar os processos, incentivar boas práticas de gestão e capacitar os colaboradores para a sustentabilidade das cooperativas”, explica Carvalho. “É um programa que coloca a mão na massa junto à cooperativa”, completa.

Desafios das operadoras de planos de saúde

Os desafios da saúde suplementar já são velhos conhecidos, tanto dentro quanto fora do Sistema Unimed. A manutenção de uma gestão eficiente dos contratos, os aumentos na sinistralidade provocados pela elevação no custo de insumos e medicamentos, o envelhecimento populacional, os novos tratamentos, entre outros, são exemplos desses problemas apresentados.

As áreas de Mercado das Singulares e da Federação, de forma resiliente, buscam maneiras de solucionar ou diminuir os impactos desses dilemas. De acordo com o gerente de Mercado da Unimed Paraná, Evandro Lucas de Barros, esse impacto vem afetando os contratos coletivos, que representam, aproximadamente, 80% do público com planos de saúde no estado, e que são em parte subsidiados pelas empresas contratantes. “Nós estamos em um momento financeiro preocupante, nunca vivido pela saúde suplementar no país, provocado pelo aumento expressivo no custo assistencial e pela dificuldade do financiamento desse custo por parte das fontes que o pagam”, afirma o gerente.

Torna-se cada vez mais necessário criar soluções personalizadas para a gestão da sinistralidade dos principais contratantes, além de uma adequação na criação de produtos mais competitivos e de menor risco para as Singulares, como muitas já o fazem. “É preciso focar a venda em produtos com maior resultado e de menor risco para a operadora”, explica Barros.

Ainda com relação à gestão da sinistralidade dos principais contratos no estado, uma forma adotada pela Unimed Paraná foi a de ouvir as empresas e entender quais ações poderiam ser tomadas, em conjunto, para mitigar riscos e aumentar a sustentabilidade da operadora, garantindo a oferta de um atendimento de qualidade, com menor aumento do reajuste para o cliente.

Diretor de Mercado e Intercâmbio, Durval Francisco dos Santos Filho (Foto: Reprodução/Unimed Paraná)

Outra solução adotada pelo Sistema Unimed do Paraná em parceria com a Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná) foi a estruturação de uma rede de atendimento no estado para produtos com mensalidades acessíveis.

O Sistema Unimed, de maneira inovadora, lançou um plano para atender de forma integrada uma demanda dos cooperados da Coamo, cliente da Unimed Campo Mourão, que estão distribuídos em todo o estado. Segundo o diretor de Mercado e Intercâmbio da Unimed Paraná, Durval Francisco dos Santos Filho, o plano foi lançado em março deste ano e passou por estruturação promovida pelas Singulares e pela Federação. “Foi um grande desafio dado pela Ocepar para o nosso Sistema Unimed. Entretanto, contando com a intercooperação das Singulares, conseguimos avançar e atender a demanda do cliente”, relata o diretor. “A ideia é que esse projeto sirva de espelho para uma futura expansão do Plano Paraná Cooperativo para todo o estado.”

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Para o gerente de Mercado, a perenidade do Sistema Unimed transcorre pela parceria e benchmarking entre as áreas que estão obtendo resultados positivos. “Do ponto de vista comercial, as cooperativas precisam atuar de forma conjunta em alguns contratos com beneficiários fora da sua área de atuação para reduzir seus custos, por meio da gestão compartilhada, proporcionando um controle maior das ações e resultados mais efetivos”, destaca Barros.

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