Qual é o seu papel ao fazer parte de uma cooperativa?

Optar por ingressar em uma cooperativa, como a Unimed, é estabelecer uma relação de sociedade, com um propósito focado na coletividade

cooperativa
(Foto: Ilustração/Freepik)

Você sabia que uma a cada sete pessoas no mundo são associadas a uma cooperativa? E que o cooperativismo gera mais de 250 milhões de empregos em cerca de 100 países? Esses dados estão no portal da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e dão uma dimensão da relevância desse modelo de atuação.

Nesse mar de possibilidades, a Unimed é um exemplo bem-sucedido. Por isso, vale fazer a reflexão: você saberia explicar quais são os conceitos que fundamentam uma cooperativa? E qual é a função que você desempenha nesse cenário?

Antes de mais nada, vale lembrar que o cooperativismo é uma filosofia. Funciona como uma doutrina que preconiza a colaboração entre um grupo de pessoas com interesses em comum, que se unem para atingir objetivos compartilhados.

A primeira iniciativa desse tipo surgiu em 1844, na cidade de Rochdale, em Manchester, no interior da Inglaterra. De lá para cá, muita coisa mudou, mas a atuação em conjunto segue sendo o caminho escolhido por profissionais de diversas áreas, diante dos desafios que o mercado apresenta.

Na perspectiva de Alexandre Gustavo Bley, cirurgião vascular e diretor Administrativo e Financeiro da Unimed Paraná, não é possível falar sobre cooperativismo sem abordar três palavras-chave: propósito, coletividade e empreendedorismo.

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“O sistema Unimed surgiu como uma reação da classe médica a uma questão de mercado e com um propósito muito bem definido: manter a dignidade profissional, gerar trabalho e renda”, destaca o diretor. Esse propósito se mantém até hoje. E deve ser lembrado constantemente.

A segunda questão é a busca por uma coletividade coesa. “A força da coletividade gera o ganho individual e o sustenta. Não o contrário. A construção conjunta de um portfólio de competências, com pessoas que têm conhecimento e são reconhecidas pela qualidade profissional, ajuda a criar mais oportunidades para todos”, defende o diretor. Da mesma forma, o médico consciente sabe que, ao realizar um atendimento de qualidade, também está contribuindo para o fortalecimento da marca e sua perenidade.

Nesse sentido, Alexandre Bley chama a atenção para o papel dos dirigentes ao fortalecerem a ideia de coletividade. “Não podemos tratar o médico como um prestador de serviço, falar com ele somente sobre tabela, glosa… E, sim, tratá-lo como sócio de algo maior, que gera o sustento dele e de outras pessoas. Então, a forma de comunicação e de educação cooperativista também direciona para um lado ou para o outro.”

Sete princípios do cooperativismo

  1. Adesão voluntária e livre
  2. Gestão democrática
  3. Participação econômica dos membros
  4. Autonomia e independência
  5. Educação, formação e informação
  6. Intercooperação
  7. Interesse pela comunidade

Como terceiro elemento em destaque na visão mais atual de Bley sobre o cooperativismo médico, está a necessidade dos cooperados se enxergarem como empreendedores que são. E como corresponsáveis pelo negócio.

“Todos nós aqui não colocamos um capital dentro de uma empresa? Todos nós aqui não somos sócios de uma cooperativa? A partir do momento que optou por entrar, o médico está empreendendo, ajudando a coletividade, colocando um pouquinho mais de dinheiro ali. É fundamental que o médico tenha consciência do seu grau de responsabilidade dentro da cooperativa. Não só para pagar uma taxa. Ele entra com seu capital social, mas também com seu capital intelectual. Ou seja, o tempo, o conhecimento e a experiência que os médicos agregam à cooperativa também são recursos extremamente valiosos.”

Alexandre Bley defende que é a força da coletividade coesa que gera o ganho individual na cooperativa. Por isso, é tão importante o envolvimento e a participação de todos os cooperados nos eventos e processos decisórios (Foto: Reprodução/Unimed Paraná)

Em suas andanças pelas Singulares, Alexandre Bley observou que muitos médicos ainda não se reconhecem como empreendedores. E enfatiza que olhar para as necessidades do mercado é muito importante para a perenidade do sistema cooperativista e, consequentemente, também para a caminhada individual de cada profissional. “Se eu entro na Unimed por mercado de trabalho, eu tenho que tentar preservá-lo da melhor forma possível. Por exemplo, em nosso estado, algumas Unimeds tiveram que investir em hospitais ou fazer inovações em seus processos. Isso é empreender também. Empreender não é só construir coisas do zero, também é mudar e melhorar coisas que você já tem feito”, explica.

Direitos e deveres dos cooperados

Todos os direitos e deveres dos cooperados estão dispostos no estatuto referente a cada cooperativa local. Eventuais revisões e atualizações desse conteúdo precisam passar pela avaliação dos participantes e pela aprovação deles em assembleia, mantendo o processo democrático. E aqui entra a importância da participação dos cooperados nesses espaços de apresentação de ideias e deliberação, tanto como um direito (à voz e ao voto) quanto como um dever.

Entre os direitos do cooperado, o principal deles é o de atuar dentro da cooperativa. Isto é, de ter acesso à carteira de clientes que escolheu a marca Unimed e usufruir da credibilidade construída no decorrer desses 56 anos de história. Além disso, o participante da cooperativa tem acesso aos benefícios existentes e àqueles que venham a ser criados. “Esses direitos vêm muito em cima da esteira do que a coletividade construiu. O que essa coletividade construiu de riqueza, eu tenho o direito de partilhar”, ressalta Bley.

Por outro lado, o principal dever é zelar pela marca. O cuidado inclui desde o atendimento feito a um beneficiário em nome da Unimed até a forma do cooperado se relacionar com a cooperativa, como sócio. A perenidade da cooperativa passa pelas relações assistenciais dos cooperados, que devem seguir quatro pressupostos: conformidade com a lei, com a ciência, com a ética e uma gestão responsável dos recursos, que demonstre a racionalidade de sua utilização.

Ao comentar sobre a experiência de cooperativismo construída ao redor da marca Unimed, Bley valoriza muito a escolha dos fundadores. “Agradeço como os médicos reagiram contra uma questão mercadológica lá em 1967, em Santos, e resolveram criar um modelo de negócio. E foram muito inteligentes. Poderiam ter criado uma empresa deles, mas pensaram na coletividade, para que mais médicos pudessem participar. Não criaram uma empresa mercantil, mas sim uma cooperativa. Tiveram visão.”

Com o passar dos anos, a Unimed conquistou um papel fundamental no mercado de trabalho brasileiro, por meio de um sistema maduro, presente em 90% do território nacional. Um sistema que envolve um vasto número de profissionais e proporciona uma entrega qualificada a quase 19 milhões de clientes.

“Aqui no Paraná, temos uma excelente estrutura, com 22 Singulares (cooperativas de 1º grau) e a Federação (cooperativa de 2º grau). Unidades muito pujantes, que realmente fazem acontecer e atingem o objetivo, o propósito principal”, destaca o diretor. Atualmente, no estado, o Sistema Unimed Paranaense conta com aproximadamente 11 mil médicos. Já imaginou a força de todos eles atuando juntos?

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