Uma crise existencial envolve, em geral, uma situação-limite para a pessoa, um questionamento sobre algum aspecto profundo e essencial de sua existência
Seja aos 18 ou aos 40 anos, quem nunca se questionou sobre sua vida: será que estou feliz no trabalho? Será que estou com a pessoa certa? Será que quero ter filhos? Ao longo de milhares, talvez milhões de anos, a espécie humana adquiriu a capacidade de refletir sobre si e o ambiente ao seu redor, buscando respostas o tempo todo.
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Segundo Flávia Teixeira, psicóloga, mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ, professora de pós-graduação em Psicologia Hospitalar na UFRJ e pós-graduada em Psicossomática Contemporânea; de modo geral, os questionamentos encontram respostas que o tranquilizam, e o homem segue sua trajetória relativamente feliz consigo mesmo. “Porém, em algumas situações, as respostas não aparecem tão facilmente, exigindo uma reflexão mais profunda para decidir qual direção tomar. Muitas vezes, a escolha é dolorida”.
De acordo com Flávia Teixeira, uma crise existencial envolve, em geral, uma situação-limite para a pessoa, um questionamento sobre algum aspecto profundo e essencial de sua existência. Difere claramente de uma crise situacional, como um divórcio, por exemplo, ou uma crise inerente às diversas etapas da vida (adolescência ou meia-idade). “Crises situacionais podem convergir e se aprofundar a ponto de se tornarem uma crise existencial. Quando ela se aprofunda, a pessoa pode vir a desenvolver uma depressão, que requer cuidado médico especializado”.
A psicóloga reforça que as crises e adversidades da vida ocorrem de modo quase sempre imprevisível. Segundo ela, a forma de lidar com a crise dependerá, em boa parte, da resiliência, da capacidade de encarar mudanças e de tomar decisões.
“Se o indivíduo já tem algum bloqueio emocional, transtorno de ansiedade ou dificuldade para sair da zona de conforto e se adaptar ao novo, ele precisará de ajuda profissional para desenvolver seu potencial de enfrentar os desafios que surgem a todo instante. Psicoterapias proporcionam a possibilidade de desenvolvimento pessoal, a partir da investigação do modo de ser da pessoa. A medida que o indivíduo amplia e aprofunda o conhecimento sobre si mesmo, passa a dispor de novos instrumentos para lidar melhor com os obstáculos e as dúvidas inevitáveis ao longo da vida”, conclui Flávia Teixeira.