Os desafios da atenção à saúde mental

Os desafios da atenção à saúde mental

Quando se fala em saúde mental, imediatamente nos remetemos a situações-limite, à loucura, por exemplo. No entanto, o paciente de saúde mental passou a ser todos nós. Esse foi um dos recados que o médico Walter Ferreira Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, deixou ao público do minievento “Cenário e desafios da atenção à saúde mental para as operadoras de saúde”, ministrado na manhã do dia 9, no Suespar.

O contexto em que vivemos, uma sociedade de mercado, permeada por uma crise ética, política e econômica – além da gangorra do reformismo, conservadorismo e retrocesso -, tornou os desafios na área de saúde ainda maiores. “Bem-estar e sofrimento, determinação social de doença e saúde, inclusão versus marginalização de usuários, profissionais e sistema e o impacto econômico”, são só alguns dos desafios citados por Oliveira.
“Como vamos lidar com o sofrimento, é um sistema que medica ou promove a saúde? Os discursos de ódio, bipolaridades, epidemia de situações que mostram que nossa saúde mental não está tão bem como poderia “, destaca o médico. Ele lembra que o filósofo da modernidade, René Descartes falou sobre a maneira que se evolui pela razão. “A razão é o que move o ser humano. Ser racional é que dá superioridade ao ser humano. Dessa forma, se temos menos razão, somos diminuídos. Na saúde mental, é necessário explorar o comportamento. O diagnóstico se dá com base no que se considera ‘normal’ ou ‘anormal’, mas isso depende de cada época. Hoje, por exemplo, temos uma epidemia de Déficit de Atenção, antes esses casos eram considerados apenas crianças levadas”, lembra.

Segundo ele, como de tempos em tempos surgem novas abordagens, é necessário que reflitamos sobre esse momento em que vivemos. “O profissional precisa compreender a vida do ponto de vista espiritual, social e econômico. Para isso, é necessário envolvimento a fim de que conheça a experiência de vida de seus pacientes. Se quero cuidar dessa pessoa, preciso entendê-la”, enfatiza.

Oliveira lembra que temos um campo marginalizado na saúde mental, precisamos promovê-la. Como? Essa talvez seja uma agenda importante para a saúde, não apenas pública, mas também suplementar.
Construir Saúde mental é colocar o ser humano como “ o sujeito prioritário com avanços no exercício de cidadania e em harmonia com a sociedade”, conclui.

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