Eles estão na linha de frente e, tanto quanto as outras pessoas, desejam que essa pandemia passe o mais rápido possível, para isso lembram que o esforço deve ser de todos
Você já listou o que deseja fazer quando esse tempo de isolamento social acabar? Que algumas lições ficarão, ninguém tem dúvida. Alguns, no entanto, são mais, outro menos, otimistas sobre os aprendizados que todos levaremos desse tempo. De qualquer forma, a lista do que se deseja fazer é imensa. Viajar, ver o mar ou as montanhas, ver mais a família e os amigos; enfim, esquecer um pouco essa agonia e correria impostas pela pandemia são alguns itens que estão no topo da listagem. E quando puder, sem dúvida, abraçar muito. “Quero abraçar muitos abraços”, diz a psicóloga Patrícia Olivo Poian.
“Quando tudo passar, espero que as pessoas estejam mais conscientes, empáticas e cuidadosas de tudo que há ao nosso redor. Quero encontrar minha família, quero abraçar amigos, conhecidos e também nossos pacientes. Muitos precisam desse contato, o que não está sendo possível agora. Entretanto, desejo que não voltemos ao ‘normal’ como muitos pedem, quero que evoluamos, quero que cresçamos, que nos tornemos melhores do que já fomos em algum momento”, conta Marisa Pereira Camilo Alves, enfermeira assistencial.
Por estarem ligados à saúde, seja atuando como médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacêuticos ou dando apoio nos bastidores, em setores administrativos desses locais, os profissionais da área são vistos, muitas vezes, como alguém a quem tempos como esses podem ser encarados de forma natural. Não é bem assim. Como todo mundo, eles também têm receios: por eles, por seus familiares e amigos e… por seus pacientes.
Alguns tímidos, outros mais extrovertidos e abertos, a maioria procurou a área da saúde porque queria ajudar as pessoas. Mesmo sabendo que iriam lidar com elas, provavelmente, em alguns de seus momentos mais frágeis: quando elas estão machucadas, sensíveis, com medo, doentes. O que exige do profissional da área, além de qualificação técnica, capacitação e atualização constantes, também habilidades emocionais. De um modo, algumas vezes, muito maior do que de qualquer outro.
Talvez, por isso mesmo, por, supostamente, saberem daquilo que teriam de enfrentar, acabam sofrendo exigências maiores por parte das outras pessoas. E a maior parte dos pacientes – todos nós, na verdade -, não temos ideia do quanto o reconhecimento manifesto os ajudam a seguir em frente. “Nós nos sentimos muito bem em estar numa posição de apoio/ajuda. Gostamos do que fazemos e não esperamos em si uma retribuição. Entretanto, às vezes, fazemos sacrifícios pessoais. Deixamos de ter algum conforto para poder ouvir, pensar em um caso ou até estudar uma melhor proposta de tratamento. Algumas vezes, estamos sofrendo junto, tentando encontrar a solução para o problema da pessoa e isso leva tempo, mais tempo do que gostaríamos. Acho que, às vezes, é bom saber que pelo menos estamos no caminho certo, do apoio, do cuidado. Assim, a manifestação de reconhecimento pessoal que chega até nós, na forma de um e-mail ou elogio, nos faz seguir em frente, com força para continuar”, conta o médico Rodrigo Cechelero Bagatelli.
Para Sheila Cristina Tanaka, analista de Atenção à Saúde, uma das responsáveis pelo Centro de Atenção Personalizada à Saúde (APS), da Unimed Paraná, apesar de toda exaltação sobre os profissionais de saúde serem super-heróis, em especial, neste momento de combate à covid, “é fundamental lembrar que somos todos humanos. O que significa que temos vida pessoal, erramos e não conseguimos atender várias pessoas ao mesmo tempo”, destaca. “Estamos em uma pandemia, mas o tamanho da equipe é a mesma. Se cada um fizer a sua parte, seguindo as orientações amplamente divulgadas em todos os canais de comunicação, conseguiremos enfrentar tudo, da melhor maneira possível”, avalia.
A médica Ana Paula Torga reforça: “em um momento como esse, em que a demanda por atendimento cresceu muito, é fundamental que todos busquem manter seus cuidados de saúde. Mudem hábitos, agilizem as mudanças postergadas. Iniciem atividade física, mesmo em casa, tomem água, melhorem a alimentação, pratiquem meditação, resgatem atividades que lhe deem prazer. Ouçam música, criem momentos de convívio familiar tranquilos. Enfim, vamos tirar proveito desse momento em que fomos obrigados a ficar reclusos em nossos núcleos familiares e colocar em prática o que estávamos adiando. Você pode descobrir que é possível mudar, ter mais satisfação em viver, mesmo em tempos como de agora.”
Os desafios da pandemia
Não está fácil para ninguém. A Covid-19 imprimiu um novo ritmo à vida de todos. À dos profissionais de saúde, não é diferente. O susto foi grande para a maioria. Muitos ao escolherem essa área já intuíam os riscos, mas a realidade, na maioria das vezes, se sobrepõe às expectativas. Foi o que aconteceu em relação à essa pandemia. Todos, no entanto, mantêm a convicção de que, no mínimo, sairemos dessa mais fortalecidos.
E você o que acha? Fomos ouvir o grupo de profissionais que trabalha no Centro de Atenção Personalizada à Saúde (APS), da Unimed Paraná. Veja o que eles disseram.
Luiz Fernando Nicolodi – médico de Família “Escolhi essa profissão porque a minha intenção é ajudar as pessoas a terem mais saúde. Para mim, esse momento que estamos enfrentando não é algo novo. E como a vida é feita de incertezas, procuramos nos adaptar ao cenário completamente… | |
Ana Cláudia da Silva – enfermeira “Desde a adolescência, a profissão de enfermagem me inspirava. Sou muito comprometida no que faço, amo estar com pessoas e poder cuidar delas. Durante minha formação, recebi muitas informações de onde poderia trabalhar… | |
Carolina Martins Trindade – assistente Administrativo “Sou formada em gestão comercial, mas gosto de trabalhar na área da saúde, sempre digo que é a Saúde que nos escolhe. Nunca pensei, no entanto, em pandemia. Porém, sempre soube que algo assim poderia acontecer. Não tenho receio… | |
Daniela Soares de Almeida – técnica de Enfermagem “Escolhi essa profissão porque sempre gostei e gosto de ajudar ao próximo. E momentos como esse de pandemia já são esperados por nós. Além da Covid-19, temos muitas outras doenças epidemiológicas, em relação às quais somos vulneráveis… | |
Rodrigo Cechelero Bagatelli – médico de Família “Desde criança eu queria ser médico, gostava das matérias relacionadas com ciências e mais tarde eu entendi que seria um meio de me envolver com os problemas das pessoas de forma a ajudá-las no alívio do sofrimento. Apesar disso, nunca havia imaginado um momento como esse… | |
Elaine lima de Souza leite- técnica de Enfermagem “Sempre gostei de cuidar das pessoas, escolhi essa profissão pois minha mãe é portadora de fibromialgia e asma crônica, queria fazer a diferença em relação ao cuidado. Jamais imaginei, no entanto, enfrentar uma pandemia. Para trabalhar na linha de frente, neste momento… | |
Eni Aparecida Domingos Ribeiro – prestador de serviço “Eu escolhi essa profissão em busca de nova oportunidade de trabalho. E nunca imaginei que um dia estaria na linha de frente de uma situação como essa da pandemia. Foi algo totalmente novo para mim. No início, fiquei preocupada comigo e com meus familiares… | |
Francielly Hoogevonink Bica – assistente Administrativo “Busquei esse trabalho para ter mais conhecimento, também por saber que ajudamos e contribuímos para o bem-estar das pessoas. Além disso, aprendemos diariamente coisas novas. Eu tinha consciência de que algo assim poderia acontecer, como essa pandemia… | |
Ana Paula Menezes Torga – médica de Família “É gratificante poder cuidar de pessoas e ser instrumento para ajudá-las no restabelecimento da saúde física e psíquica delas. Eu sabia que situações como essa pandemia poderia acontecer, pela própria história da medicina, mas não imaginava que passaríamos pelo que estamos passando hoje… | |
Isabella Kovaleski Sartori – farmacêutica “Escolhi minha profissão pelo desejo de ajudar e cuidar dos outros. Sabia que quando se trabalha na área da saúde, podemos encontrar vários ‘perigos’ no dia a dia, principalmente no ambiente hospitalar, de onde eu venho… | |
Jeane Cristina da Costa – assistente Administrativo “Quando criança, meus pais tinham um comercio. Desde então, sempre gostei de atendimento ao público. Ouvir as necessidades das pessoas e pode ajudá-las me faz feliz. Jamais imaginei, no entanto, que trabalharia em meio a uma pandemia… | |
Marisa Pereira Camilo Alves – enfermeira “Escolhi ser enfermeira pois eu queria cuidar das pessoas. E esse é um jeito maravilhoso de poder fazer isso. Poder prestar cuidados ao paciente e ver as melhorias/benefícios obtidos com esses cuidados e atenção é algo muito especial… | |
Mayara dos Santos de Oliveira- estagiária de Enfermagem “Sempre gostei de ajudar o próximo, queria uma profissão na área da saúde, tentei medicina, pensei em fisioterapia e por final escolhi enfermagem. Tive um incentivador muito importante que foi o patrão da minha mãe, Dr. Erasto Cichon que foi um médico… | |
Nádia Mamede Vieira – assistente Administrativo “Tenho a plena convicção de que minhas experiências de vida me levaram a essa profissão. Atuar diretamente na linha de frente, ajudando ao próximo, me impulsiona a ser alguém melhor em todas as áreas. Mesmo estando muitas vezes em Back office… | |
Sheila Cristina Tanaka – analista de Atenção à Saúde “Escolhi a área da saúde, para ter a oportunidade de cuidar das pessoas e ajudá-las a terem uma saúde melhor. Quando escolhemos trabalhar na área da saúde, sabemos que tudo é possível de acontecer, mas viver uma pandemia na qual tudo é desconhecido, eu não imaginava… | |
Tatiele Karine Cavalheiro- fisioterapeuta “Fui atleta amadora de voleibol desde criança e, devido a algumas lesões do esporte, de vez em quando, fazia visitas aos fisioterapeutas, onde acabei conhecendo e me apaixonando pela profissão. No que diz respeito à pandemia, acredito que ninguém nunca imaginou passar por essa situação… | |
Vanessa Ceccatto – nutricionista “Aprendi a cozinhar com 11 anos, com minha mãe e minha avó, que sempre cozinhavam com um tempero especial chamado AMOR. Por gostar tanto de cozinhar e inventar combinações e pratos (uns davam muito certo, outros nem tanto), quase entrei para a gastronomia… | |
Yasmin Temanski Nascimento – assistente Administrativo “Gosto de trabalhar com atendimento ao público, gosto de conversar, interagir e conhecer pessoas. E, consequentemente, poder ajudá-las. Nunca imaginei viver uma pandemia, pois esse tipo de cenário não é típico de acontecer. Porém, me sinto muito feliz… | |
Patrícia Olivo Poiani – psicóloga “Desde criança, flerto com o desejo e a curiosidade de conhecer a história do outro, de saber o que as pessoas estão pensando ou sentindo, de ouvir, aconselhar, ajudar, de levar luz à escuridão… Trabalhar com psicologia sempre foi para mim estar à frente das incertezas… | |
Kelly Fernanda dos Santos Leite – assistente Farmácia “Escolhi essa área porque além de gostar da temática, também gosto de ajudar as pessoas. Acho até que é a área da Saúde que nos escolhe. Porém, nunca imaginei um cenário como esse, em que poderíamos viver uma pandemia… | |
Milena de Oliveira Jayme – farmacêutica “Quando escolhi essa profissão, pensava em ajudar as pessoas, principalmente, na oncologia. Sempre desejei trabalhar com oncologia e busquei especialização na área. Nunca, no entanto, imaginei viver uma pandemia… |